Eu tenho medo de temporal. Sempre gostei da chuva, do cheiro da terra molhada... Mas as tempestades me apavoram. Durante a infância não havia essa inimizade com os ventos fortes. Eu dançava no ritmo das ventanias. Mas atravessei o mar vermelho com a impetuosidade de quem tem a certeza de chegar a salvo. Não houve tempo. Engoli o mar. E é essa água toda que me apavora. São ondas imensas que saem dos meus olhos.
E não sei nadar.
Não sei ainda...
Que essa água seque com a ventania.
Que eu perca o medo.
E que eu ouça os trovões e veja Deus como o percussionista-mor.
Ritmo e perfeição.
Do outro lado, dançarei novamente ao som das águas...