18 de julho de 2009

PROCURO-ME

Vivo na eterna busca
Vivo à procura de mim
Do que fui, sou, sereiCor do textoCor do texto
O que você vê?
Vejo vários espelhos
Em nenhum percebo minha imagem refletida
Quem sabe há marcas de dentes no meu pescoço?

Sou o infinito, sou o inefável
Sou aquilo que a poesia não diz
Não vê
Não traduzCor do texto
Um muro alto, instransponível


Mas meu voo há de ser pleno

Intenso, rumo ao que não espero
Porque se espero, não voo
Eu travo
E não encontro o que quero

Sou uma carta de amor lacrada
Guardada em segredo
Esperando que alguém, talvez
Um dia abra


(Sandra Fuentes)

8 de julho de 2009

FICA

Queria guardar teu cheiro aqui
Só por um momento
Por um minuto, um segundo apenas
Mas ele insiste em sair da minha pele
Mal posso sentir e busco desesperadamente
Um rastro
Um traço
Um instante

O quarto, santuário em ruínas
Estilhaços de ilusão espalhados
Por toda a casa
Cato os pedaços
Remontando o quebra-cabeça
De tudo que não fomos

No espelho eu vejo
Sua imagem sumindo
Prendê-lo talvez
Por um milésimo de segundo apenas
Que fosse
Eu queria...
(Sandra Fuentes)

3 de julho de 2009

A DOR DO POETA

A dor é o combustível do poeta
Se o amor “vai-bem-obrigado”
Se tudo der certo
Não tem rima nem verso
É um livro apagado

É o avesso, o obscuro
É o cinza e o denso
Que me faz imergir
E buscar em mim
O verso mais puro

Venho à tona e fico atento
Aí, sim
Que sento
Escrevo
E invento


(Sandra Fuentes)

FIM

Palavras malditas
Nunca ditas
Nunca escritas

Grito silencioso
O fato
O impacto

Mal posso respirar
Chego a transpirar
Mas é inverno
Faz frio

Vestígios de adrenalina na alma
Sentimento morto
Vencido
Forçado a sair
Aborto ...
Dor dilacerante
O amor desmaia
E finalmente
Sangra


(Sandra Fuentes)