5 de julho de 2010


LILÁS

O dia amanheceu lilás.
Eu fiz questão de tirar a velha cortina que fazia o meu quarto ficar naquela escuridão _ que mal me fazia enxergar quem eu realmente era.
O que preciso hoje é da poesia que sai pelos meus poros.
Transpiro música.
As lágrimas que hoje escorrem pelo meu rosto são feitas do sal daquele mar.
Daquele mesmo mar que contemplávamos juntos.
Eu achei que ele nunca, jamais mudaria de cor.
Hoje o mar está lilás.
O mundo amanheceu com todas as nuances do roxo entrando pela minha janela.
Hoje sou letra e música.
Vida e morte.
Escrevo para não morrer.
E morro.
Em cada letra, em cada verso, em cada rima que não encontro.
Quando me acho, é festa, mas me perco constantemente.
Principalmente de mim.
E não sei pra quem escrevo mais.
Acho que para alguém que me deixará como epitáfio um poema com todas as cores.


(Sandra Fuentes)