2 de outubro de 2011


TRÊS

Então descobri como é o silêncio da morte. Assisti ao desencanto dos sobreviventes que não sabiam ao certo o motivo da celebração. Arrastam-se com um orgulho mentiroso por não terem conhecido o lado onde me encontro agora. Conto os dias para a minha ressurreição, mas temo por nascer de novo. Pretendo permanecer onde a mudez é regra. Tento traduzir o que minha alma canta. Não entendo mais seu idioma. Muito menos o que escrevo. E a solidão é faca sem gume. Cega, sádica, violenta. Corto meus cabelos, corto meus pulsos, corto relações com a luz do dia. Releio meus textos de trás pra frente. Até que um dos três morra...