Vi de perto o fio da navalha que corta a poesia ao meio, que divide estrofes e separa os versos. Não há aborto sem sangramento. O Mar Morto que sai dos meus olhos não estanca a hemorragia das últimas horas. Escrevo uma carta para mim mesma que será postada com a data de ontem. Talvez seja colocada debaixo da porta. Ficarei em silêncio e hoje não estou para ninguém. Nem para mim. Publicarei as tuas memórias em folhas azuis. Dedicarei meus delírios à tua covardia. Mesmo assim, te peço perdão pela minha inocência.
Sandra Fuentes Alves - São Gonçalo - 7 de setembro/2011