7 de maio de 2013

Imagem Jakub Kujawa



Levem meu corpo pra rua!

Exponham minhas cicatrizes
É só o que podem ler a meu respeito.
Deixo tudo escrito em um idioma desconhecido,
Meus nobres inimigos!
Sou a Senhora das Tragédias, que desfila morta no meio de vocês.
Não há novidade além das lâminas que levo nos dentes

Mordi a vida
Fracionei meus dias
Embaralhei de novo as cartas e anulei todos os pactos de eternidade.
O jogo é novo.
E,
perder seria crime hediondo!

Olhem a lenda desfilando pelas ruas!
Lenda morta.

Reescrita nos porões escuros da liberdade.

[ser livre custa a vida]

Pude ouvir o silêncio dos rebeldes
Que dedicaram um poema em branco
A minha pessoa!

E agora

Foda-se o tempo!
Sou vapor de memórias
Letras entulhadas numa rua deserta
Aguardando aqueles que roerão meus ossos infeccionados

E a tempestade!
Que dissipará qualquer vestígio
Do que fui.

Sandra Fuentes

26 de janeiro de 2013




O verbo naufraga em silêncio
[como de costume]
E eu, avessa a tudo
Levo comigo o cofre com os meus sete desejos
Não há vírgulas enquanto sigo viagem
Há um único e maldito parágrafo
Que grita sem misericórdia!
E eu! Eu hemorrágica!
Nada estanca os delitos 
Que saem das minhas veias rompidas

Confesso meus homicídios, mas não peço perdão

Há lacunas, há culpa, há sulcos em minha testa
(e há vultos passeando pela minha sala)

Tempo, tempo, tempo


Lembro salmos, provérbios, versículos

Percebo que desenho minha própria caricatura
[e não vejo graça alguma]

Continuo sangrando e quase desfaleço

Apresento os polos da minha versatilidade
Enquanto volto atrás e lembro-me que azar também é palavra
(mas que não se pronuncia)
Tento a sorte, então
E pergunto por deus...
[que mudou de endereço faz tempo]

Vê, Senhor, o meu olhar de súplica!

Trarias de volta a alegria da minha inocência???
E minha alma? Levaria de vez contigo?

Resgata-me com teus tentáculos de piedade

Ou,
Marca pra mim uma audiência com Cristo
Fala que sou poeta.
E desejo que ele escreva o prefácio do meu livro

Livro da Morte


Onde falo das minhas únicas certezas:

Do fim
Da decomposição da matéria
Dos ossos secos
Das minhas mentiras atenuadas pela licença poética

Ai de mim! Ai de mim!


No Livro da Morte 

É onde escondo o meu vocabulário chulo
E os meus medos, os meus enganos, e todo esse meu ódio por ser volátil!
E por estar em um caminho sem volta

Mas há consolo, mas há poesia, mas há canções de amor por toda a parte


Então prossigo

Naufragando com um meio sorriso
Vou reticente...
Sempre.
Até achar o ponto.

8 de abril de 2012










Traga teu silêncio a minha noite insana
Grita tua fome aos quatro cantos do mundo
Prenda minha agonia em teus braços 
Seque com meus cabelos teu peito encharcado 
Do temporal que faço agora
Nesta dança frenética onde meus pés tocam o impossível

(falta-me algo)

Esqueça meu nome
Apenas deguste e celebre o instante das possibilidades
Quebrando velhas regras
Escrevendo novas frases
Em minha nuca, onde tatuei tua língua

Subestime o tempo
Deboche da eternidade enquanto beija a minha boca
(como antes)

Não há porta de saída

Labirinto...

Agora é tarde.
E cedo demais... para esquecer o gosto doce
Das estrelas que inundaram minha face

(sandra fuentes)



24 de março de 2012



Há um poder de destruição nas vozes que me rodeiam. Danço solitária uma canção sem melodia.
Sento na areia quente desta praia deserta, transpirando até criar um novo mar que entra pelas minhas narinas e afoga a saudade do teu sorriso que pintei em telas imaginárias.

São quadros que penduro em minhas paredes brancas

mas,

não ouso levantar meus olhos.

Minto pra mim e digo que permaneces ali
Com teus olhos a me seguir
Por todo canto da casa

3 de março de 2012




Implacável é o tempo...



E dou corda em teus minutos no silêncio dos meus dias insanos.

Enquanto tuas digitais
Permanecerem em minhas costas